Em uma mesa se encontra um livro antigo e um relógio também antigo, ambos nos fazem pensar quanto a história do Conhecimento e como é complexo o conhecimento.

O Paradoxo do Conhecimento

Um dia desses recebi um texto de um amigo e me deparei com uma palavra que não sabia o significado, evidentemente que para entender o contexto do que ali estava escrito fui pesquisar o seu significado, instantaneamente me veio um insight que me fez pensar: como é complexo o Conhecimento, há de fato um Paradoxo do Conhecimento, quanto mais se pensa que sabe, menos se sabe. Vamos ver isso…

Bem, o pensamento foi imediato e já é senso comum:

Quanto mais sabemos, mais sabemos que não sabemos.

E logicamente que sempre teremos algo a aprender e a saber.

Até aí sem muita novidade… a minha reflexão veio depois. O problema não é só após saber que não sabemos e sim que após termos algum conhecimento novo de algo que antes só tínhamos especulações e algum “saber” pelo que os outros diziam ou por alguma informação superficial, sem aprofundamento, passamos a saber que não sabíamos o que pensávamos saber. Calma! Vou explicar…

O problema não é somente quanto ao Paradoxo do Conhecimento em si. O problema que me veio ao pensamento é que ele também é acumulativo, temporal, cultural e existencial. E muda com o tempo.

Que o conhecimento é acumulativo também é fato, sempre nos apoiamos sobre os conhecimentos formulados anteriormente e que são base para os novos conhecimentos. Como dizia Isaac Newton:

“Se vi mais longe foi por estar de pé sobre os ombros de gigantes.”

O Conhecimento Requer Humildade

Isso quer dizer que Isaac Newton, humildemente, reconhecia que se ele alcançou  patamares tão elevados de conhecimento foi porque se apoiou sobre os ombros de gigantes.

Em cada tempo da história se formulam novas descobertas, novos conhecimentos e saberes que evidentemente geram pontos de partidas para novos conhecimentos. Com o passar do tempo histórico do mundo e o nosso, os conhecimentos vão se somando, multiplicando e outros paradigmas também vão se quebrando.

Ao se ter um conhecimento novo e revolucionário se deixa de acreditar em outro dito saber ou conhecimento que se pensava, antes, ser uma verdade. Por exemplo o caso do geocentrismo que se passa a ver como hélio centrismo. Para isso veja este texto>>> (… a quebra de paradigmas na Modernidade.)

Os Conhecimentos também são Culturais

A cultura de um povo é formada também com o tempo e alguns fatores vão se transformando, isso ocorre no campo de todos os tipos de conhecimentos, sejam os populares, religiosos, mitológicos, artísticos, filosóficos e claro, os científicos. A Cultura, portanto, também vai se modificando com o tempo.

Daí partimos para os fatores existenciais, e pensar: o que somos? Por que estamos aqui? Há uma razão para a existência? Por que pensamos, como pensamos e o que é o pensamento?

Todas essas questões certamente já estiveram e estão nas mentes dos seres humanos há milênios. Mas antes as questões ficavam muito mais no pensamento reflexivo filosófico e muitos poderiam buscar uma maneira de conhecimento sistemático, tendo um conhecimento bem amplo e talvez pensassem que sabiam muito de um todo.

Claro que isso não devia ocorrer com todos, pois muitos filósofos de todos os tempos, sabiam que nunca saberiam de tudo. Outros buscaram desenvolver conhecimentos sistemáticos.

Na antiguidade – História antes da Escrita

Aqui entra o primeiro paradoxo do conhecimento. Antes da escrita o conhecimento era passado de forma oral, as pessoas narravam e ensinavam o que aprendiam de boca a boca e de geração em geração.

Muito tempo depois veio a escrita cuneiforme e depois a alfabética, aquela há uns 5 ou 6 mil anos e o alfabeto há uns 3 mil anos. Passaram-se muitos milênios, agora, relativamente há pouco tempo, entorno de 1455 surge a prensa de Gutemberg e multiplica-se de maneira espetacular a possibilidade de transmitir o conhecimento acumulado. Depois, hoje em dia, nem se fala, tanta tecnologia e o conhecimento literalmente se encontra em nossas mãos.

Mas voltemos ao paradoxo do conhecimento. Como dizíamos, antes os saberes e os conhecimentos eram “quantitativamente menores”, no entanto para se “saber de tudo” era complexo pois precisava-se filosofar e “papear” com muitos e muitos e talvez viajar para se defrontar com outras culturas e isso tudo, evidentemente, levava muito tempo, muito tempo mesmo.

Depois com a escrita já foi ficando mais fácil ter acesso ao saber, primeiro com os manuscritos que, ainda que raros, existiam e podiam viajar, sem a necessidade de o estudante fazê-lo, posteriormente com a prensa isso se multiplica. Mas aí que entra o outro paradoxo do conhecimento, quanto mais acesso à informação e a possibilidade de “saber” mais e mais novos saberes vão surgindo, de tal maneira que fica impossível, impossível mesmo, se ter acesso profundo a todo o conhecimento da humanidade.

A forma de Conhecer muda com o tempo

E hoje em nossos dias e principalmente depois da idade moderna, do iluminismo, revolução industrial etc. o único “conhecimento profundo” que uma pessoa pode ter será muitíssimo pequeno a tal ponto de somente se poder “saber” muito pouco de um pouco e nunca mais se poderá saber muito de muito. Lembrando que o muito de antes era pouco e o pouco de hoje é muito. Calma aí….

Daí surgem cada vez mais e mais especializações, que vão se afunilando, afunilando e afunilando… dessa maneira temos duas possibilidades principais: se saber muito de pouco ou se saber pouco de muito.

Há os generalistas, ou seja, os que gostam de saber um pouco de tudo e há os especialistas que gostam de saber muito de um pouco. De qualquer maneira, ambos, sempre se defrontarão com o Paradoxo do Conhecimento. Pois, mesmo que você seja generalista, os saberes estão se multiplicando de tal maneira que você não tem como saber, ainda que um pouco de tudo; e se você for especialista, pior ainda, pois os conhecimentos se multiplicam “escaladamente” em uma progressão geométrica impossível de se acompanhar profundamente.

Mas é Importante saber um pouco de tudo também

Eu sempre falo com meus alunos que é interessante ter especializações, mas nunca deixar de ter um conhecimento amplo e generalista também. Então, as duas condições, no meu modo de ver o mundo são importantes, faça quantas especializações puder e interessar, mas nunca perca o conhecimento amplo e tenha sempre uma visão global em grande angular.

 Não se pode conhecer apenas a sua árvore, é preciso ter uma noção da floresta.

Portanto não poderíamos fechar este texto com baixo astral, como quem diz: A ignorância é uma benção. Claro que não! Para isso veja este texto. Também há um vídeo em que abordo esse tema.

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Abraços, Benito Pepe

 

Bibliografia e Referências Bibliográficas

Pepe, Benito. A Ignorância é uma Benção? Disponível em: https://www.benitopepe.com.br/2021/04/23/a-ignorancia-e-uma-bencao/ Acesso em Março de 2024.

____________. História da Comunicação Humana – parte 1 e 2 Disponível em :

https://www.benitopepe.com.br/2021/05/31/historia-da-comunicacao-humana-e-as-10-grandes-mudancas-tecnologicas/

______________. As Influências da astronomia e a quebra de paradigmas na modernidade.  Disponível em: https://www.benitopepe.com.br/2012/03/07/as-influencias-da-astronomia-e-a-quebra-de-paradigmas-na-modernidade/ Acesso em Março de 2024.

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Marcelo Von Doellinger
6 meses atrás

Parabéns Benito, excelente reflexão.

6 meses atrás

Obrigado pelo apoio e por comentar Marcelo!
Abração, Benito Pepe

Roosevelt
6 meses atrás
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Bom Dia, Benito!
Eu concordo com tudo que vc escreveu eu mesmo pesquiso algumas coisas e realmente fico sabendo de coisas pequenas que se tornam grandes mas também concordo com essa de a ignorância é uma benção sim dependendo da situação não sei se apessoa ficando apar de certas coisas do mundo vale a pena. Eu tem certas coisas que eu prefiro não saber para não impactar minha mente e ao saber se foi bom ou ruim saber do fato!

6 meses atrás
Responder a  Roosevelt

Grande Presidente Roosevelt!

Muito obrigado pelo carinho de sempre comentar! Rapaz quanto a questão da Ignorância às vezes ser um benção, infelizmente para alguns temas é verdade… no entanto cada um é cada um… há os que se incomodam mesmo com alguns temas e assuntos e procuram nem saber, há outros que querem ficar a par de tudo e nem estão aí … então pra que saber se não vai fazer nada… a ação é necessária cada um de sua maneira.

No entanto, de fato assistir a alguns programas de TV ou Vídeos pela Internet é mesmo problemático, pode nos deixar em uma tristeza profunda, então é mesmo necessário sermos seletivos.

Grande Abraço, Benito Pepe

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