Fotos de Heidegger. Heidegger e os Gregos: o Ser e o Céu.

Heidegger e os Gregos: o Ser e o Céu

Este texto será dividido em partes, temos nesta primeira parte além de uma introdução geral, um tópico falando sobre o Nascimento da Filosofia Racional, depois há um tópico falando sobre a “Reviravolta” do Pensamento Filosófico logo após falamos doEsquecimento de Nossa Origem Cósmica. Começamos com Heidegger e os Gregos: o Ser e o Céu.

Por fim postamos as Referências Bibliográficas.

Introdução

Pretendemos neste texto mencionar a relação de Heidegger com os gregos antigos, especialmente os pré-socráticos, que em sua visão, viam uma outra “manifestação” quando se falava na questão do Ser e/ou da “possibilidade” do desvelamento (aletheia) ou da “ocultação” natural. Heidegger propõe uma releitura dos pré-socráticos de maneira diferente das que foram feitas pela tradição: Platão e Aristóteles entre outros posteriormente.

Na sequência final,  quando falamos do Céu, pretendemos ampliar os sentidos para além de uma epifania (epiphaneia), e ver o Céu como nossa origem cósmica, da mesma maneira, distorcida posteriormente.

Quanto à “Filosofia”, precisamos lembrar que ela não era totalmente racionalista como passa a ser em seguida e que continua na contemporaneidade. Esta Filosofia é conhecida como racionalista, mas na sua origem  não era assim. Vemos por fim, através da nova cosmologia, uma possibilidade de “reviravolta” que poderia reativar o nosso pensamento à filosofia originária.

Como acreditamos que para esta “reviravolta” a Nova Cosmologia pode contribuir, dedicamos um tópico especial para falar da Astronomia e do esquecimento do Céu.

O Nascimento da Filosofia Racional

Há um “consenso” para se falar sobre o “nascimento” da Filosofia, ela surge  pelo questionamento dos homens que queriam e buscavam a verdade, mas não queriam “explicações incoerentes”, assim começa um processo de pensamento diferenciado e racional que pudesse contrapor-se, de certa maneira,  às tradições “míticas”. Como comenta Chaui

A filosofia surgiu quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos naturais e as coisas da natureza, os acontecimentos humanos e as ações dos seres humanos podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma. (2005, p.25).

Mas o questionamento que podemos e devemos fazer desde já é: será que a Filosofia tomou conta do pensamento…. ou  tirou um “mito” e contribuiu para a criação de outro?

Praticamente todos os filósofos “antes” de Sócrates (séc. VI – V a.C.), por isso  chamados de   –  présocráticos – tiveram como características do pensamento noções que tentam explicar a realidade da natureza.   Aí  a filosofia e a ciência têm seu início.  Entre essas noções, mencionadas por Marcondes, cito a Physis e o Cosmo:

A physis – Por os primeiros filósofos serem estudiosos ou teóricos da natureza (physis),  portanto o objeto de investigação desses “filósofos-cientistas” era o mundo natural. Eles buscavam explicação através desta mesma realidade e não fora dela, ou seja,  investigavam a própria natureza.

O cosmo – O termo kosmos, para eles, liga-se as ideias de ordem, harmonia e mesmo beleza (já que a beleza resulta da harmonia das formas; daí  o  termo “cosmético”). O cosmo é assim o mundo natural, o espaço celeste enquanto realidade ordenada de acordo com princípios racionais. O cosmo entendido assim, como ordem, se opõe ao caos, que seria a falta de ordem, o estado da matéria antes de sua organização.  Esta ordem do cosmo é racional, “razão” significando aí leis que regem e organizam essa realidade. (2005, p.24-27)

Quanto a physis precisamos lembrar que a palavra vem do verbo phiein que significa surgir, nascer, brotar, “dar à luz”. Isso é importante para entendermos o sentido mais amplo que esta palavra tinha para os gregos antigos e que fará sentido com o que queremos mencionar mais à frente.

Também, podemos elucidar, como lembra Chaui que  foi “graças aos primeiros filósofos gregos e a ideia que a natureza é uma ordem que segue leis universais e necessárias  que”:

No início do século XVII, Galileu Galilei deu novo impulso à física ao estudar o movimento dos graves ou “pesados” (ou a estabelecer as leis da queda dos corpos) e, para isso, a demonstrar as leis naturais do movimento uniforme e do movimento uniformemente variado.  (…)  Isaac Newton, no final daquele mesmo século,  a estabelecer as leis matemáticas da física, a demonstrar as três leis do movimento e a chamada “lei da gravitação universal”, que, como o nome indica, é  válida para todos os corpos naturais. (…)  E, no século XX, levou Albert Einstein a estabelecer uma lei válida para toda a matéria e energia do universo, lei que se exprime na fórmula E=mc2.  (2005, p.20).

Depois vem o período da modernidade e há uma retomada do racionalismo de uma maneira bem particular, quando são refutadas e quebradas muitas teses da Astronomia do passado, como foi o caso do geocentrismo, entre tantas outras refutações. Mas, com todas as “quebradeiras” a única coisa que não se quebrou foram as “esferas cristalinas” por que elas não existiam… Após tantas reformulações, o que é que sobra para este ser? Émile Noel questiona François Châtelet:  Qual é, então, a pergunta filosófica que Descartes faz? Châtelet  responde:

...poderíamos dizer que até Descartes a filosofia fez esta pergunta:  Que é o ser?  Como ele é? Descartes pergunta: Que é o conhecimento? Isso equivale a validar o trabalho de Galileu, a mostrar em que condições gerais o trabalho de Galileu se torna inteligível. (1994, p.63).

“Portanto em que consiste o heliocentrismo?” Prossegue Châtelet, “consiste em dizer ao sujeito empírico que está aqui neste mundo: Você  acha que o mundo é como você o vê. Mas vou lhe fazer uma proposta: vamos, em espírito, até o Sol, para observar o mundo a partir dali.” (1994, p.63)  Châtelet continua concluindo que às vezes as coisas podem ser mais simples do que nós imaginamos, mas nós precisamos ver de outro ângulo. Nós precisamos sair de “nosso casulo” e irmos à busca do verdadeiro conhecimento.

O processo de racionalismo modifica-se dos tempos gregos para a modernidade no que tange o seu jeito de ser, agora ele está mais pautado na matemática no que diz respeito às ciências naturais e especialmente na Astronomia. Para Descartes até mesmo Deus é uma “evidência” da luz natural e não da luz sobrenatural. É a razão que demonstra a existência de Deus. Não é mais o Deus de Moisés, de Abraão e de Jacó.

No próximo tópico “A reviravolta” do Pensamento Filosófico

Abraços do Benito Pepe

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