Slide com uma síntese da Física de Aristóteles

A Física de Aristóteles

Continuando o texto: A Física e a Astronomia de Aristóteles

Para se falar da física e da astronomia de Aristóteles é preciso ir um pouco antes deste grande filósofo, é nos pré-socráticos onde estão os embriões de um estudo sobre a physis, todavia bem diferente dos estudos aristotélicos.  De qualquer maneira é o estagirita quem retoma de uma forma “substancial” a física, e por isso passa a ser reconhecido por muitos  no mundo ocidental como o pai dessa “ciência”.

Quanto aos estudos dos pré-socráticos estavam mais focados no campo dos elementos primordiais, na natureza e nas origens das coisas, na arché. Por exemplo, podemos lembrar aquele que é considerado pelo próprio  Aristóteles como o primeiro filósofo, Tales de Mileto[1], este teria iniciado um “princípio físico”: “Tudo é Água”. Outros “pensadores” completaram os quatro elementos além da “água”, ou seja: “Terra”, “Ar” e “Fogo”. No caso de Aristóteles tem-se como base não essas questões, mas o movimento, e não somente o movimento de translação, no entanto um movimento que seria melhor chamá-lo “mutação” pois envolve mais claramente o sentido que este “filósofo-cientista” queria postular. Como nos lembra Cherman, Aristóteles fala no início do livro III da Física:

“A natureza é um princípio de movimento e de mudança e é objetivo de nossas indagações. Devemos portanto estar certos de que entendemos o que é o movimento, pois, se não sabemos isso, também não sabemos o que é a natureza.” (2004, p.22)

Na antiguidade se entendia como física tudo o que se relacionava com a natureza, assim além da física propriamente, tínhamos a química, a biologia, a geologia, e outros estudos que dizem respeito à natureza como é o caso da Astronomia. Lembramos que para Aristóteles a matéria é “qualificada” e os quatro elementos são a matéria em sua mais simples qualificação. Os quatro elementos primordiais (água, ar, terra e fogo) constituiriam, segundo relações complexas, a matéria de tudo o que existe, e variando em suas qualidades passa-se de uma substância a outra. Dessa maneira Aristóteles pensava poder explicar as transformações que ocorrem na natureza.

Distinguindo-se dos Eleatas, que pregavam o não movimento (não mobilismo), o estagirita os refuta resolvendo essa questão. Parmênides dizia que o movimento seria uma passagem do ser ao não-ser. De maneira diversa Aristóteles entende o “movimento” como a passagem de uma forma de ser para outra forma de ser, ou seja do “ser em potência” para o “ser em ato”. O ser tem muitos significados. O “não-ser” quando em  potência real  é capacidade e possibilidade efetiva de chegar ao ato. Entendendo-se o movimento como a passagem da potência ao ato, têm-se várias formas de mutação, considerando especialmente algumas categorias, conforme resume Reale:

1) da substância; a mutação segundo a substância é “a geração e a corrupção”;

2) da qualidade; a mutação segundo a qualidade é “a alteração”;

3) da quantidade;  a mutação segundo a quantidade é “o aumento e a diminuição”;

4) do lugar; a mutação segundo o lugar é “a translação” (2004, p.207).

Quando referimo-nos ao termo “mutação” abrangemos as diversas “modificações” da “substância”, contudo pretendemos  especificamente falar sobre a questão da “translação”, que é mais pertinente a astronomia aristotélica que queremos mencionar. A translação se refere ao movimento no sentido literal, ou seja, a passagem de um “objeto” de um “ponto” para  “outro”.  Veremos isso mais à frente.

Próximo tópico: A Astronomia de Aristóteles

Abraços do Benito Pepe

Para  ver a Bibliografia e as Referências Bibliográficas vá ao final do tópico anterior clique aqui!


[1] Tales da colônia grega de Mileto por isso chamado Tales de Mileto  (fim do século VII início do VI a.C.)  possui, antes de tudo, um saber que poderíamos qualificar de científico: prevê o eclipse do sol de 28 de maio de 585, afirma que a Terra repousa sobre a água; mas ele tem igualmente um saber técnico: se lhe atribui o desvio do curso de um rio. Como lembra Hadot (2004 p. 43)

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[…] Currículo Dia da Independência do Brasil, 7 de Setembro de 1822 A Física de Aristóteles […]

maria
14 anos atrás

Gostei muito do site, das matérias bem escritas,
felicidades.

Benito Pepe
14 anos atrás

Olá Maria, obrigado! Volte sempre!
Felicidades para você também.

Abraços do Benito Pepe

ana moreira
13 anos atrás

não entendi nada! mas eu gostei 🙂

suzana gadu
13 anos atrás

cara…me ajudou mtoo….e eu amo a gadú! xd

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