Vários símbolos, como interrogação e outros feitos por bonequinhos representando pessoas e estruturas. Estruturalismo, Pensamento e o Conhecimento especialmente na Astronomia.

Estruturalismo, Pensamento e o Conhecimento especialmente na Astronomia

Apresento agora (em tópicos) um outro texto acadêmico falando do estruturalismo na filosofia e um outro estruturalismo que vou chamar de estruturalismo científico-astronômico. Refletiremos também quanto à questão do “conhecimento” especialmente na Astronomia.

1.1. Introdução


(…) dois movimentos aparecem depois guerra. O primeiro se propõe a encontrar, pela “interpretação”, o sentido perdido da cultura moderna; o segundo a esclarecer, pela análise de suas “estruturas”, o funcionamento dos processos simbólicos. “Hermenêutica” filosófica e “estruturalismo” científico tornam-se assim, no limiar da segunda metade do século, duas maneiras concorrentes de responder à “crise” da Europa (…) (p.233-4).

Procuraremos enfatizar esta segunda corrente que é o estruturalismo.
O estruturalismo foi desenvolvido em diversas áreas: na lingüística (Saussure), na antropologia (Lévi-Strauss), na sociologia (Radcliffe-Brown), na literatura (R. Barthes), na filosofia (Foucault, Derrida e Deleuze), na psicanálise (Lacan), no marxismo (Althusser), na psicologia (Piaget), entre outras.

 

Como vimos há vários segmentos do estruturalismo, mas vamos comentar sobre três destes “seguimentos”, todos tendo início e base na linguagem (lingüística), são eles: propriamente o estruturalismo na lingüística, estruturalismo na antropologia, e o outro na filosofia. Faremos uma analogia com um outro segmento que vamos chamá-lo de estruturalismo científico-astronômico.

É bom destacar que Estruturalismo nos termos que vamos abordar nos primeiros tópicos, está enfocando o campo das ciências sociais ou humanas, porém na área das ciências naturais, e especialmente na Astronomia estaremos comentando o estruturalismo no sentido de estrutura física e a relação do homem com este saber.
 
 
1.2. A origem do termo e a lingüística
 
Sem dúvida o nome mais importante e que vem a dar origem ao termo estruturalismo e todos os seus desdobramentos é o nome do lingüista suíço Ferdinand Saussure (1857-1913). Ele ministrou um curso de lingüística geral e que vem a ser publicado posteriormente através das anotações de seus alunos três anos depois de sua morte, portanto em 1916. Estes estudos tornam-se uma grande revolução epistemológica. Propunha-se a abordar qualquer língua como um sistema no qual cada um dos elementos só pode ser definido pelas relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma a estrutura. Saussure lança as bases de uma verdadeira ciência da linguagem; e é “da estrutura que é a linguagem, dentro de cujas possibilidade move-se o nosso pensamento.” Conforme comenta Reale (2006 p.83).
 
A língua é um fato social, a linguagem (é uma potencialidade) algo mais ligado à natureza (fenômeno expressivo mais abrangente); a fala é um fato individual; é com a fala que se concretiza a língua. Cada um fala a língua de sua maneira. Já a escrita representa a fala que por sua vez representa o pensamento, portanto a escrita é uma representação da representação. A língua é o principal contrato tratado na sociedade.
 
Mesmo que Saussure tivesse o estilo de seus contemporâneos ou seja interessado em linguística histórica, desenvolve naquele Curso uma teoria mais geral de semiologia (estudo dos signos). Essa visão mais ampla objetivava examinar como os elementos da linguagem se relacionavam no presente (“sincronicamente” ao invés de “diacronicamente”). Desta maneira ele focou não o uso da linguagem (o falar), mas no sistema subjacente de linguagem (idioma) do qual qualquer expressão particular era manifestaçao. Por consequente ele argumentou que sinais linguísticos eram compostos por duas partes, um “significante” (o padrão sonoro da palavra, seja sua projeção mental – como quando silenciosamente recitamos uma musica ou uma poesia para nós mesmos – ou de fato, sua realização física como parte do ato de falar) e um “significado” (ou seja o conceito ou o que aquela palavra quer dizer).
 
Portanto era uma abordagem bem diferente das anteriores proclamadas por outros estudiosos relativos à linguagem, estes focavam-se no relacionamento entre as palavras e as coisas que elas denominavam no mundo. Saussure ao invés concentrava-se na constituição interna dos sinais e não na sua relação com os objetos no mundo físico. Ele fez da anatomia e estrutura da linguagem algo que pode ser estudado e analisado profundamente.
Saussure “cria” uma observação em rede.
 
Saussure deixa com o seu legado muitas bases para os estudos de diversos antropólogos, psicanalistas, pensadores e tantos outros cientistas sociais ou não, como veremos mais à frente.

Conforme Abbagnano (2007)
 
(…) o Estruturalismo, globalmente considerado, é ao mesmo tempo método de investigação, análise epistemológica e posicionamento filosófico. Se bem que haja autores no quais o Estruturalismo é sobretudo prática científica (p. Ex., Lévi-Strauss) e outros nos quais é sobretudo reflexão epistemológica e filosófica (p. Ex., Foucault e Althusser)(…) (p.441).

No proximo tópico comentamos sobre o estruturalismo na antropologia e no caso da astronomia mencionamos a etnoastronomia.

Abraços do Benito Pepe

Bibliografia e Referências Bibliográficas
 
 
 
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
DELACAMPAGNE, Christian. História da filosofia no século XX; tradução, Lucy Magalhães. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia, Vl 7: de Freud à atualidade; tradução de Ivo Storniolo; 1.ed. São Paulo: Paulus, 2006.

Apresentaremos neste texto um dos movimentos do pensamento mais importantes que ocorreram no século XX. Conforme nos lembra Delacampagne (1997)

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[…] Estruturalismo, Pensamento e o Conhecimento especialmente na Astronomia O estruturalismo na Filosofia […]

[…] Continuando… No que tange ao Estruturalismo em Filosofia, não podemos destacar um nome específico, mas alguns nomes são importantes embora eles próprios não se julguem estruturalistas. Poderiamos citar entre eles: Michel Focaut (1926-1984), Jacques Derrida (1930-2004) e Gilles Deleuze (1925-1995). No estruturalismo tira-se a idéia de sujeito isolado e o põe em uma condiçao de Estrutura, (em efeito dessa rede) e as possibilidades desse sujeito são margeadas neste sistema – são as redes, estruturas que fazem um sujeito pensar desta ou de outra forma – . É o que fala Focault com relaçao ao poder por exemplo, não há um lugar prévio para o poder o poder circula como a língua circula. Como nos diz Reale (2006) […]

[…] Este tópico (O estruturalismo científico-astronômico) eu já havia postado isoladamente, agora eu o posto novamente em seqüência de todo este texto acadêmico. […]

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