Livro aberto e letras e palavras voando. As Palavras foram desacopladas do Papel?

As Palavras foram desacopladas do Papel?

Texto adaptado por José Maria Dias

Litera Scripta manet – “A palavra escrita permaneci”, profetizou Horácio na Roma Antiga de quase 2000 anos atrás. O espantoso é que já agora, no início do terceiro milênio, com a revolução digital em plena ebulição, a palavra escrita continua de pé. Revigorada pela nova tecnologia, apesar das várias roupagens inovadas que a mídia vem experimentando, a palavra escrita não foi destronada da posição central que ocupa em nossas vidas.

Fala-se com arroubo sobre os inesgotáveis recursos de novas tecnologias, como o vídeo ou a realidade virtual, mas qualquer reflexão sobre o tema invariavelmente orbita em torno da matéria-prima desta página. Na verdade a palavra escrita não apenas permanece, ela floresce como trepadeira nas fronteiras da revolução digital.   A explosão de mensagens via correio eletrônico constitui o maior surto de correspondência já visto desde o século
XVIII.

 Hoje, o novo desafio dos “informautas”- os astronautas da informática – É justamente inundar o espaço cibernético com “Zilhões e Zilhões” de Gigabytes de devaneios no novo alfabeto mundial ASCII (código criado em 1968 nos Estados Unidos. Para  padronizar os caracteres usados entre as redes de computadores. Para o cidadão comum, que felizmente não precisa se atormentar com as minúsculas do jargão informática, pois ela não usa papel e sim vagas nuvens de elétrons viajando em altíssima velocidade que substituem o produto de árvores cortadas entregues por carteiros.

Tal evolução não se limita apenas agradar aos ecologistas, ou diminuir  o tamanho dos lixões das grandes metrópoles. Ela marca a maior mudança ocorrida no meio de comunicação. É verdade que o texto do alfabeto Romano continua sendo composto por 26 letras, como no tempo de Horácio. Mas ele se libertou da depressão do papel, que o sepultava e distanciava. Hoje ele se tornou tão pioneiro quanto a mais inebriante novidade da mídia eletrônica.  A reviravolta de hoje está produzindo uma transformação tão radical quanto a prensa tipográfica gerou meio milênio atrás. Estamos demolindo as fronteiras arbitrárias que separavam autor, editor, e leitores. Essas categorias não existiam antes da invenção dos tipos móveis, e não sobreviverão a mais duas décadas.

(Texto adaptado por José Maria Dias)

Fonte: Revista Veja. História. Sociologia. Antropologia. Filosofia: Século XX. 1968-1993. Ensaios e Estudos. Revista Veja: Edição Comemorativa. 25 Anos. Veja: 25 Anos – Reflexões para o Futuro. Revista Veja (Org.)

Abraços do Benito Pepe

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José Maria Dias
13 anos atrás

Meu camarada Benito: Li bastante o texto e a conclusão que cheguei foi a seguinte: A imortalidade talvêz seja a menor das surpresas que o texto eletrônico nos reserva. Os entusiasta do vídeo sustentam que as imagens são mais cativantes do que as palavras, ignorando a diferença maior entre ambos: enquanto o video é captado pelos olhos, o texto ressoa direto da mente. O texto nos convida a ir buscar imagens que completam as palavras fornecidas por ele. Ao passo que o vídeo exclui tais execuções mentais. Eu acho, que enquanto não houver uma ligação física entre o cérebro a máquina, o texto continuará nos oferecendo o caminho mais direto entre a mente e o mundo exterior. Analisando as duas coisas, a palavra no papel e o mundo virtual, existe os prós e os contras, vejamos; é muito mais fácil voce passar um E-mail ou mesmo uma carta via computador do que enviar pelo correio. Agora eu te pergunto, e se o destinatário não tiver internet ?. Eu pessoalmente acho, que queira ou não os ecologistas, muita arvores vão ter que ser abatidas, para virarem papel entregue pelos carteiros, até que a tecnologia virtual, chegue até os confins dos quatro cantos do mundo. Outro exemplo; Quantos milhões e milhões de Processos, e contratos de variados tipos existem por aí a fora, que só tem valor juridico com a assinatura no papel onde erstá escrito o texto. É esta a minha opinião meu nobre amigo.

13 anos atrás

Olá Camarada Dias, é isso aí! Depois que surgiu a escrita e o papel, ela veio para ficar, da mesma maneira que as demais invenções simbólicas ou de comunicação desenvolvidas pelo homem. Temos hoje as gravadoras (filmadoras) em CD, e DVD, mas antes tínhamos só a fotografia, que continuou ativa e válida, ainda que muitas fotos hoje em dia só fiquem no HD do PC. Antes da fotografia as famílias tinham que posar para um pintor os “retratar”, eram as pinturas, que por sua vez ainda continuam válidas e há ainda quem as faça abundantemente. Antes dela tivemos as esculturas que, da mesma maneira, continuam vivas. Em fim, inventamos novos métodos simbólicos de transmitir o conhecimento ou de nos comunicar, no entanto não eliminamos o anterior apenas o aperfeiçoamos como é o caso do papel, antes pergaminhos, etc.. Talvez inventemos uma espécie de “papel” que não precise das árvores, quem sabe? Ou então, que tal plantarmos mais e mais árvores até para sobrar?

Abraços do Benito Pepe

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