Apresento mais uma serie de postagens, agora com este novo tema. Começamos com uma introdução e entramos nos tópicos: A Ética; e, A Ciência. 1.1. Introdução
Este texto tem como objetivo comentar a ética e a influência na ciência ou melhor a necessidade de se pensar esta ciência em termos éticos. Para isso utilizamo-nos como “pano de fundo” do período da modernidade e do que ocorre posteriormente: a chamada crise da modernidade.
Achamos pertinente comentar um pouquinho sobre ética, ciência e modernidade e refletir sobre esse racionalismo científico com ar de superioridade, a fim de ilustrar e facilitar ao leitor a compreensão sobre o tema e a importância de se buscar na ética o andamento da ciência.
Notamos nos dias de hoje várias instituições que se preocupam com um código de ética. Isso demonstra claramente a necessidade que a sociedade tem de “controlar” as medidas e atitudes das diversas profissões. Esse fato demonstra também uma ansiedade das pessoas umas com relação às outras. Será que podemos permitir que a ciência por exemplo, faça o que ela quiser? A ciência pode pesquisar o que ela quiser? Eles respondem: nós estamos pesquisando tal arma química, mas nós nunca vamos usá-la! Eu questiono: para que então desenvolver uma tal arma química se nunca vai ser usada? Eles retrucam: é apenas para evitarmos um ataque…(?)
Há um problema maior aí… muitos “desenvolvimentos” científicos não teriam nem mesmo o porquê de serem inicialmente questionados. Mas, infelizmente posteriormente foram usados na guerra e, pior ainda, desenvolveram-se outros “inventos” de avanços tecnológicos inimagináveis já propriamente para o uso militar, como é o caso dos aviões. E agora os super aviões de caça dos nossos dias; Além de uma infinidade de armas e mais armas, até biológicas… É então aí que devemos pensar a ética. Podemos “deixar” que a ciência faça o que ela quiser? Ou devemos questionar e refletir: o que estamos fazendo com o planeta? O que fazemos com a humanidade; e com as diversas vidas aqui existentes, que não conseguem mexer nem com um centésimo do que esta espécie chamada humanidade fez e faz com o planeta e com a própria vida?
1.2. A ética
É difícil falar sobre ética, pois é um tema um tanto quanto complexo. Poderíamos entendê-la de várias formas. Uma delas poderia ser como a busca ou caminho para ou pela “verdade” que de maneira mais complexa ainda, seria, talvez, e em algumas condições, subjetiva. Se relembrarmos da origem da filosofia na Grécia e depois, por exemplo, os sofistas, que através da retórica e do convencimento pelas palavras, da oratória, julgavam que “a verdade é resultado da persuasão e do consenso entre os homens”. Mas isso é combatido por Sócrates, Platão e Aristóteles, mais especificamente por Sócrates que os “combate” buscando o que julgava ser a essência da verdade através da razão e não do “simples” convencimento e consenso. Ele fazia isto através de perguntas básicas, feitas a diversos profissionais especialistas, tais como: ao sapateiro – o que é um sapato? Ao “juiz” – o que é a justiça? Ou o que é a verdade? E assim, a partir de um questionamento, buscava desvelar, através da razão e da lógica e não mais por um simples convencimento retórico, o que seria esta verdade.
Poderíamos dizer então que, de certa forma, Sócrates inaugura a ética dentro do discurso. Sócrates, como comenta Marcondes em Iniciação à história da filosofia (2005, p.40), seria “um divisor de águas. É nesse momento que a problemática ético-política passa ao primeiro plano da discussão filosófica como questão urgente da sociedade grega superando a questão da natureza como temática central;” pois a temática racionalista filosófica, inicialmente, era a natureza, iniciada por Tales de Mileto que buscava na própria natureza a explicação para ela própria, se afastando assim do mito em que tudo era explicado pelos deuses…
Temos aqui um pequeno histórico para entender a ética de forma mais concreta, permanente e universal. Como define Blackburn (1997) no dicionário OXFORD de filosofia. A ética tem como objeto o:
Estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático : o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha. É também o estudo de segunda ordem das características objetivas, subjetivas, relativas ou céticas que as afirmações feitas nesses termos possam apresentar. (p.129)
Também, Japiassú e Marcondes no dicionário básico de filosofia (2006), mencionam de maneira similar, mas com algumas particularidades, que a ética do grego ethike, diz respeito aos costumes e tem por objetivo “elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral (finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza do bem e do mal, o valor da consciência moral etc)” (p.97).
Assim teríamos a questão da subjetividade na ética, e a formação da própria sociedade interagindo entre ela e os indivíduos. A ética ajudando-nos a refletir sobre os costumes, sobre as práticas da ciência, da religião, da família, da empresa, em fim: em todas as instituições da sociedade. A ética nos ajuda a pensar a subjetividade. Que sujeito é esse em tal momento da história? Que sujeito é este hoje? Que “conhecimento” é este que buscamos pela ciência?
1.3. A ciência
A ética seria desta maneira então, intermediária, buscaria a justiça, a harmonia e os caminhos para alcançá-las. Quando buscamos, a justiça, a verdade, o entendimento e o conhecimento, o buscamos para satisfazer uma necessidade do sujeito. E, destes termos, gostaria de me ater ao conhecimento e mais precisamente ao conhecimento pela ciência, uma vez que podemos obter conhecimento por vários caminhos não só os científicos, aliás é até paradoxal dizer o que é ciência. “Karl Popper um dos filósofos que mais influenciaram a ciência em nosso século, chamou-o de “problema da demarcação”; O que é que distingue a ciência da não-ciência? Como podemos demarcar a fronteira entre elas?” Como citado por Appiah, (2006, p.123).
É importante também mencionar que a ciência deve ser entendida de maneira diversa, conforme o tempo em que a estudamos. O que chamamos de “conhecimento científico”, também, pode variar nos diversos períodos da história. Os casos são múltiplos. Na área médica, por exemplo, quando ouvimos uma voz científica dizendo: evite comer ou fazer tal coisa, que faz mal à saúde, e depois alguns anos mais tarde se contradizem dizendo que não é bem assim… pode comer sim!, Pode fazer sim! Porém isto não ocorre só na medicina, isto se passa nos diversos seguimentos da ciência. Será então que só a ciência teria a verdade? E esta verdade seria boa? Mas o que é a verdade?
Ouve épocas que uma certa disciplina era considerada como ciência (da forma que a concebemos) e que agora não o é mais. É o caso da astrologia que se difere totalmente da Astronomia, no entanto elas no passado se mesclavam. Também não cabe aqui questionar a validade de uma em detrimento da outra. Muitas vezes algum “astrólogo especifico acerta predições com bastante frequência” e “é provável que as pessoas que lêem o horóscopo não se importem muito se eles são ou não científicos”, como diz Appiah , 2006 (p.122).
Outra questão, não menos importante, era saber que entre os parâmetros para definir o que é ciência, está ou estava a causalidade ou determinismo, quando diz que todos os eventos têm causas. Porém neste século passado recentemente findado, os cientistas argumentaram que o determinismo não é uma verdade. A teoria quântica, diz que há alguns eventos que não têm causas. A teoria fala em probabilidades. Se, para sabermos o que é científico precisávamos de uma causalidade e agora viemos a dizer que não, mas outrossim, que é uma questão de probabilidades, significa que algumas coisas não podem ser entendidas com as premissas cientificamente elaboradas no transcorrer do tempo e no passado, e quem sabe se no futuro não se dirá o mesmo do presente…
Partindo destes pré-supostos, poderemos entender melhor agora o que veio a ser a modernidade, a revolução científica ocorrida neste período e posteriormente, a crise da modernidade.
When you login first time using a Social Login button, we collect your account public profile information shared by Social Login provider, based on your privacy settings. We also get your email address to automatically create an account for you in our website. Once your account is created, you'll be logged-in to this account.
DiscordoConcordo
Conectar com
I allow to create an account
When you login first time using a Social Login button, we collect your account public profile information shared by Social Login provider, based on your privacy settings. We also get your email address to automatically create an account for you in our website. Once your account is created, you'll be logged-in to this account.
DiscordoConcordo
4 Comentários
Mais antigo
Mais novoMais votado
Feedbacks em Linha
Ver Todos os Comentários
Don
15 anos atrás
Adorei seu artigo. Estou nos vendo sentados com a galera depois das aulas na PUC no seu santuário-Planterário da Gávea- e fico muito feliz de ver sua coragem em expor suas idéias, e seu entendimento sobre questões filosóficas-existenciais. Parabens Don(Alberto;o cara grande de cabeça respada que usa brincos) Um Alô: Eu vejo a ética pensada como “contrõle social”. Escreve alguma coisa sobre isso. Um grande e apertado abraço. Parabens!!!!!
Fiquei muito feliz em ter tua contribuição neste Site/Blog.
Quanto ao esplendoroso lembrete do AstroBar (o Barzinho do Planetário da Gávea), estou revivendo aqueles momentos, agora com uma turma nova em Filosofia Antiga. Apareça por lá…
Quanto a Questão da “Ética como controle Social” é um tema bem interessante, por que você não desenvolve um texto e eu o posto aqui no meu blog?
Obrigado meu amigo saiba que aprendi muita coisa com você.
[…] Finalizando esse texto… Teço agora minhas considerações finais e apresento as referências bibliográficas e a Bibliografia consultada. 1.6. Considerações finais […]
Adorei seu artigo. Estou nos vendo sentados com a galera depois das aulas na PUC no seu santuário-Planterário da Gávea- e fico muito feliz de ver sua coragem em expor suas idéias, e seu entendimento sobre questões filosóficas-existenciais.
Parabens
Don(Alberto;o cara grande de cabeça respada que usa brincos)
Um Alô: Eu vejo a ética pensada como “contrõle social”. Escreve alguma coisa sobre isso.
Um grande e apertado abraço.
Parabens!!!!!
Olá Querido Alberto,
Fiquei muito feliz em ter tua contribuição neste Site/Blog.
Quanto ao esplendoroso lembrete do AstroBar (o Barzinho do Planetário da Gávea), estou revivendo aqueles momentos, agora com uma turma nova em Filosofia Antiga. Apareça por lá…
Quanto a Questão da “Ética como controle Social” é um tema bem interessante, por que você não desenvolve um texto e eu o posto aqui no meu blog?
Obrigado meu amigo saiba que aprendi muita coisa com você.
Abraços do Benito Pepe
[…] Ética, Ciência e a Crise da Modernidade Considerações finais e Referências […]
[…] Finalizando esse texto… Teço agora minhas considerações finais e apresento as referências bibliográficas e a Bibliografia consultada. 1.6. Considerações finais […]